Berinjelas e abobrinhas no azeite

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Senta aqui. Vamos bater um papo? Assim, como amigos. O que é liberdade pra você? Você sente que tem autonomia na sua vida? Liberdade, pra mim, é dizer “não”; “não gosto”, “não quero”, “não posso”. Pois é, ando pensando muito sobre isso nos últimos tempos e como liberdade/autonomia podem fazer parte de diversos aspectos da nossa vida.

Sabe aquele velho meme do não conseguir dormir porque estamos pensando/procurando inutilidades no Google/relembrando as babaquices que falamos para aquele crush há 5 anos? Então! Eu fiquei assim depois de assistir a essas duas entrevistas da M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-A da Paola Carosella (assiste aí, vai).

Liberdade é escutar suas vontades, cortar aquilo que te faz mal, viver uma vida sem falar “talvez” pra tudo; aquelas relações meia-boca, gente que não se importa contigo, fazer aula de natação quando, na verdade, você queria dançar flamenco, comer pão fit  de manhã quando a vontade mesmo é de um cuscuz com ovo mexido.

É, dizer “sim” e “não” também está presente na nossa relação com a alimentação. “Mas, por que você tá falando isso, miga? Me explica”. Explico! Você já passou dias seguidos só almoçando em restaurantes? Ou comendo “porcaria” por dias a fio? O que você sentiu depois disso? Bom, eu já senti uma vontade louca de comida caseira, de feijão e arroz, de saladas bem coloridas, de sentir o cheiro do alho nos meus dedos. Meu corpo queria aquilo. Eram as minhas vontades. Agora me diz: se sua vontade é comer uma bela macarronada naquele almoço, por qual motivo você vai escolher peito de frango com duas lascas de pepino? Cê tá me entendendo? Não é exagerar, é ouvir o que o seu corpo está pedindo.

Desde cedo nos ensinam a esconder nossos sentimentos, nossas vontades. Não pode chorar, não pode se incomodar, não pode demonstrar demais, não pode usar listras na horizontal porque engorda, não pode comer isso, não pode comer aquilo. Quando crescemos, não sabemos lidar com tudo isso; nos frustramos e acabamos vivendo uma vida no automático.

Por favor, comece se autoconhecendo – até mesmo no âmbito da alimentação. O que você gosta de comer? O que estaria disposto a provar? E a cozinhar? Tire tempo pra aprender a cozinhar o que gosta, procure receitas com carinho. Cozinhar não é só um ato de amor para com os outros, mas é, também, um autocuidado.

A receita de hoje é super tranquila! Eu estava com vontade de comer abobrinhas fritas – tipicamente servidas empanadas como mezedes na Grécia – mas, acabei juntando berinjelas, alho, temperinhos e… aqui está! Um ótimo acompanhamento para qualquer almoço de verão.

*Nível de dificuldade: fácil
*Tempo de preparo: 40 minutos

*Serve, em média: 6 pessoas

Ingredientes:
– 3 abobrinhas médias
– 3 berinjelas médias
– Azeite de oliva, para fritar + temperar
– 6 dentes de alho inteiros, descascados
– Sal e pimenta, a gosto
– Páprica doce, a gosto

Modo de preparo:
1. 
Corte as abobrinhas e as berinjelas em rodelas médias. Reserve.
2. Tempere com sal, pimenta e azeite. Misture bem para que todas as rodelas fiquem bem temperadas e cobertas em azeite.
3. Em uma frigideira média, frite as abobrinhas e berinjelas com um pouco de azeite. Frite em fogo médio até que estejam bem douradas.
4. Adicione os dentes de alho descascados, frite por mais alguns minutos até que dourem.
5. Tempere com mais pimenta a gosto e páprica doce. Agora é só servir!

Hummus (pasta de grão-de-bico)

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O post de hoje será bem breve e simples – igual a receita que virá de acompanhamento!

Você já ouviu falar em Hummus? Hummus é uma pastinha típica da culinária árabe feita a partir de dois ingredientes básicos: grão-de-bico e pasta de gergelim (mais conhecida como Tahine). O meu primeiro contato com Hummus foi na Austrália, quando meu pai costumava voltar do mercado de produtos orgânicos com potinhos dessa deliciosa pastinha. Era a minha favorita e acabou ficando para sempre em minha memória. Hoje, compartilho com vocês a receita que costumo fazer e que venho aperfeiçoando. Afinal, como não amar grão-de-bico?

*Nível de dificuldade: fácil
*Tempo de preparo: 20 minutos

* Serve, em média: 6 pessoas

Ingredientes:
– 250 g de grão-de-bico cozido (reservar água do cozimento)
– 2 dentes de alho, ralados
– 2 colheres de chá de Tahine (pasta de gergelim)
–  1/2 xícara de chá de azeite de olive extravirgem
– Sal e pimenta, a gosto
– 1/2 colher de chá de cominho em pó
– Sumo de  1/2 limão
– 1 xícara de chá da água do cozimento do grão-de-bico
– Páprica e folhas de hortelã ou salsinha fresca picada, para servir
– Azeite de oliva a gosto, para servir

Modo de preparo:
1. 
Em um processador ou liquidificador, adicione o grão-de-bico cozido, os dentes de alho, o Tahine, o azeite de oliva, o sumo de limão, o cominho, a água do cozimento do grão-de-bico e o sal e a pimenta.
2. Bata tudo por cerca de 2 minutos ou até que a pasta fique homogênea.
3. Se a pasta estiver muito grossa e difícil para bater, adicione um pouco mais de azeite.
4. Sirva com páprica, azeite e folhas de hortelã ou salsinha fresca.

Dica amiga:
Sirva o Hummus com pão sírio, pão pita ou o pão de sua preferência. Você pode, também, servir uma seleção de pastinhas como entrada, com Hummus, Tzatziki e Melitzanosalata (em breve aqui no blog).

Yemista (vegetais recheados – versão vegetariana)

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O prato de hoje é um dos mais clássicos e queridos da dieta mediterrânea. Não tem como falar de comida grega e não lembrar do Yemista (ou seria da Yemista?). Se você não é grego e vai visitar uma família grega, este prato provavelmente estará presente na farta mesa de almoço ou jantar. Aliás, esse é mais um daqueles pratos que eu detestava quando era criança, já que o tomate assado ficava super mole e os temperos do arroz não me agradavam.

Yemista (Υεμιστά – Ghêmistá) é o famoso prato feito com vegetais recheados. Seu nome basicamente significa “recheados”. Ele também entra na categoria de pratos “ladherá”, pois são servidos e preparados com bastante azeite de oliva e polpa de tomate. Além disso, você pode rechear não só tomates, mas também: pimentões, abobrinhas, berinjelas, folhas de parreira e folhas de repolho (chamamos esses dois últimos de “dolmades”). Na Turquia, os vegetais recheados são conhecidos como “dolma” e as folhas recheadas como “sarma”.

Na culinária grega, costumamos rechear os vegetais com arroz, ervas secas e frescas, especiarias e carne moída, mas a versão vegetariana também é muito popular na Grécia. Ela pode levar uvas passas, pinoli, outros vegetais ralados e até grãos como lentilha ou grão-de-bico. As batatas assadas com os vegetais e a combinação de azeite e molho de tomate também acompanham. Para finalizar, como de costume, uma fatia de queijo Feta sempre cai bem. É um prato delicioso, saudável e que agrada quase todos os gostos. Vamos lá?

*Nível de dificuldade: médio
*Tempo de preparo: 3 horas

*Serve, em média: 4 pessoas

Ingredientes (serve duas pessoas):
– 2 tomates bem grandes, os maiores que você achar (pode ser o caqui, por exemplo)
– 2 pimentões verdes
– Meia xícara de arroz branco (pode ser arbório, se quiser)
– 3 batatas descascadas, cortadas em tiras grossas
– 1 cebola grande, picada
– 2 dentes de alho, picados
– 1 abobrinha média, ralada
– 1 cenoura média, ralada
– Salsinha a gosto
– Hortelã fresca a gosto, picada
– 1 xícara de chá de polpa de tomate
– Orégano a gosto
– 1 pitada de canela
– Noz-moscada ralada a gosto
– Sal e pimenta
– Açúcar
– Sumo de meio limão
– Água
– 1 xícara de chá de azeite de oliva extravirgem

Modo de preparo:
1. 
Comece cortando a “tampa” dos tomates e dos pimentões. Não corte muito para cima e nem muito para o meio. Tire as sementes dos pimentões. Faça o mesmo com a polpa e miolo do tomate, mas reserve em uma tigela.
2. Em uma travessa untada com um pouco de azeite, organize os tomates e pimentões. Reserve as tampas.
3. Tempere as batatas com sal e orégano em uma tigela.
4. Para o recheio, refogue a cebola e o alho no azeite até que fiquem macios. Adicione a abobrinha e a cenoura. Refogue em fogo médio.
5. Adicione o arroz e refogue até que ele fique levemente transparente. Adicione a polpa e o miolo dos tomates que foram “cavados” e meia xícara de chá da polpa de tomate (reserve a outra metade).
6. Adicione a salsinha, a hortelã, o orégano, a canela, a noz-moscada, uma pitada de açúcar, o sal, a pimenta e uma xícara de água. Misture e cozinhe tudo em fogo baixo.
7. Quando o arroz estiver quase cozido (quase, pois ele vai cozinhar mais no forno), desligue o fogo.
8. Coloque um pouco de azeite, sal e açúcar dentro de cada tomate. Faça o mesmo com os pimentões, mas sem o açúcar.
9. Adicione a mistura do arroz dentro dos vegetais – recheie cada um em aproximadamente 1/3. O arroz vai crescer mais dentro do forno, então não é ideal rechear os vegetais até o topo, ou eles podem acabar quebrando.
10. Feche com as suas respectivas tampas e faça furinhos com um palito de dente em cada uma delas.
11. Despeje as batatas na travessa. Para que os pimentões fiquem “em pé”, organize-os nas laterais da travessa.
12. Misture o restante da polpa de tomate (meia xícara) com o sumo de meio limão e uma xícara de água. Regue as batatas com essa mistura e azeite de oliva a gosto.
13. Asse em forno médio por aproximadamente 50 minutos ou até que tudo esteja macio e cozido. Se for necessário, adicione mais água às batatas.

Dica amiga:
Este não é um prato “perfeito” em termos de aparência. É normal que os tomates rachem e que os pimentões caiam. A culinária grega não é sobre perfeição, mas sobre a harmonia dos sabores. E se sobrar recheio, é só comer ele por si só! É uma delícia.