Eliopsomo (pão de azeitonas com alecrim e orégano)

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Não existe memória minha que não ligue a Grécia à tradição do pão, o qual está presente na nossa história desde a antiguidade – desde as referências de Hipócrates até o culto de Deméter. Desde pequena estou acostumada com dizeres como “gregos comem tudo com pão” e “é tão difícil tirar o pão da dieta…”. E olha que nem é mentira, a gente come esse tanto de pão mesmo! É pão depois da missa, pão com um pouco de azeite, com pastinhas deliciosas, pra juntar o caldinho da salada no prato e não deixar que nada seja desperdiçado.

Eliopsomo (Ελιόψωμο – Êliôpsomo) nada mais é do que um pão com azeitonas. Então, imagina só: Se pão é coisa de grego, pão com azeitonas é 200% coisa de grego. Minhas melhores lembranças desse pão vêm de quando comprávamos unidades fresquinhas e quentinhas do mesmo e do pão de semolina (outra receita bastante tradicional e uma das minhas favoritas) no fournos (padaria) do mercado do bairro. A receita a seguir é a versão mais próxima que consegui fazer dessa delícia, apesar de a casca ter ficado um pouco mais crocante que a do original. De qualquer forma, vale a tentativa, né?

*Nível de dificuldade: médio
*Tempo de preparo: 3 horas

*Serve, em média: 6 pessoas

Ingredientes:
– 700 g (ou o quanto bastar) de farinha de trigo peneirada + extra para sovar
– 2 colheres de chá de sal
– 2 colheres de chá de açúcar
– 2 colheres de chá de fermento biológico seco
– 5 colheres de sopa de azeite + extra para untar
– 2 xícaras de chá de água morna + extra para dar o ponto
– 2 xícaras de chá de azeitonas verdes ou pretas sem caroço picadas
– 2 colheres de chá de orégano
– 1 colher de chá de alecrim

Modo de preparo:

Caso você tiver uma batedeira planetária, utilize o bowl desde o começo da receita. Caso não, utilize uma tigela para este primeiro passo.

1. Junte a água morna, o azeite, o açúcar e o fermento biológico seco em uma tigela/bowl. Aguarde 10 minutos para ativar o fermento – a mistura deve começar a borbulhar levemente.
2. Feito isso, adicione a farinha e o sal. Você pode sovar a massa tanto no gancho da batedeira planetária, quanto em uma bancada com farinha.
3. Sove a massa durante 7-8 minutos ou até que massa esteja macia e bem incorporada. Enrole a massa em formato de bola. Adicione mais água ou farinha se precisar dar o ponto.
4. Unte uma outra tigela com um pouco de azeite e coloque a massa no centro da mesma. Cubra com um pano de prato e deixe descansar em local morno por aproximadamente 1 hora, ou até que a massa tenha dobrado de tamanho.
5. Quando a massa tiver descansado, polvilhe um pouco de farinha em uma bancada e junta a massa, as azeitonas, o orégano e o alecrim. Sove novamente por alguns minutos.
6. Unte uma assadeira com azeite e pré-aqueça o forno a 250°C.
7. Você pode tanto cortar a massa e fazer pãezinhos, como moldar o pão em formato redondo ou oval, como eu fiz.
8. Posicione a massa no centro da assadeira e asse durante aproximadamente 40 minutos, ou até que o pão (ou pãezinhos) esteja douradinho.
9. Deixe esfriar durante 10 minutos e sirva! Lembre-se: a crosta deve estar crocante!

Dica amiga:
Sirva esse saboroso pão de forma simples, apenas com azeite. Você também pode servi-lo com hummus (pasta de grão-de-bico) ou tzatziki!

Berinjelas e abobrinhas no azeite

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Senta aqui. Vamos bater um papo? Assim, como amigos. O que é liberdade pra você? Você sente que tem autonomia na sua vida? Liberdade, pra mim, é dizer “não”; “não gosto”, “não quero”, “não posso”. Pois é, ando pensando muito sobre isso nos últimos tempos e como liberdade/autonomia podem fazer parte de diversos aspectos da nossa vida.

Sabe aquele velho meme do não conseguir dormir porque estamos pensando/procurando inutilidades no Google/relembrando as babaquices que falamos para aquele crush há 5 anos? Então! Eu fiquei assim depois de assistir a essas duas entrevistas da M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-A da Paola Carosella (assiste aí, vai).

Liberdade é escutar suas vontades, cortar aquilo que te faz mal, viver uma vida sem falar “talvez” pra tudo; aquelas relações meia-boca, gente que não se importa contigo, fazer aula de natação quando, na verdade, você queria dançar flamenco, comer pão fit  de manhã quando a vontade mesmo é de um cuscuz com ovo mexido.

É, dizer “sim” e “não” também está presente na nossa relação com a alimentação. “Mas, por que você tá falando isso, miga? Me explica”. Explico! Você já passou dias seguidos só almoçando em restaurantes? Ou comendo “porcaria” por dias a fio? O que você sentiu depois disso? Bom, eu já senti uma vontade louca de comida caseira, de feijão e arroz, de saladas bem coloridas, de sentir o cheiro do alho nos meus dedos. Meu corpo queria aquilo. Eram as minhas vontades. Agora me diz: se sua vontade é comer uma bela macarronada naquele almoço, por qual motivo você vai escolher peito de frango com duas lascas de pepino? Cê tá me entendendo? Não é exagerar, é ouvir o que o seu corpo está pedindo.

Desde cedo nos ensinam a esconder nossos sentimentos, nossas vontades. Não pode chorar, não pode se incomodar, não pode demonstrar demais, não pode usar listras na horizontal porque engorda, não pode comer isso, não pode comer aquilo. Quando crescemos, não sabemos lidar com tudo isso; nos frustramos e acabamos vivendo uma vida no automático.

Por favor, comece se autoconhecendo – até mesmo no âmbito da alimentação. O que você gosta de comer? O que estaria disposto a provar? E a cozinhar? Tire tempo pra aprender a cozinhar o que gosta, procure receitas com carinho. Cozinhar não é só um ato de amor para com os outros, mas é, também, um autocuidado.

A receita de hoje é super tranquila! Eu estava com vontade de comer abobrinhas fritas – tipicamente servidas empanadas como mezedes na Grécia – mas, acabei juntando berinjelas, alho, temperinhos e… aqui está! Um ótimo acompanhamento para qualquer almoço de verão.

*Nível de dificuldade: fácil
*Tempo de preparo: 40 minutos

*Serve, em média: 6 pessoas

Ingredientes:
– 3 abobrinhas médias
– 3 berinjelas médias
– Azeite de oliva, para fritar + temperar
– 6 dentes de alho inteiros, descascados
– Sal e pimenta, a gosto
– Páprica doce, a gosto

Modo de preparo:
1. 
Corte as abobrinhas e as berinjelas em rodelas médias. Reserve.
2. Tempere com sal, pimenta e azeite. Misture bem para que todas as rodelas fiquem bem temperadas e cobertas em azeite.
3. Em uma frigideira média, frite as abobrinhas e berinjelas com um pouco de azeite. Frite em fogo médio até que estejam bem douradas.
4. Adicione os dentes de alho descascados, frite por mais alguns minutos até que dourem.
5. Tempere com mais pimenta a gosto e páprica doce. Agora é só servir!

Kolokithokeftedes (bolinhos de abobrinha)

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Aqui estou com mais um nome dificílimo de comida grega gostosa! Não vou negar, toda vez que pronuncio o nome do prato de hoje, só consigo me lembrar dos vários episódios cômicos envolvendo a minha avó. Para quem ainda não sabe, minha avó não é só uma cozinheira de mão cheia e uma papadhiá (esposa do padre), mas também uma mulher incrivelmente engraçada, forte e cheia de personalidade. Acho que dá para perceber meu amor por ela e o tanto que ela me inspira todos os dias em minhas postagens.

Pois bem, quando eu era pequena, por vezes, minha avó não pronunciava Kolokithokeftedes, mas sim, Kolo-keftedes. E por que isso é engraçado, Heleni? Porque *censura* “kolos” é a forma coloquial de “traseiro” ou “bumbum” em grego. Além disso, é possível colocar essa palavrinha na frente de outras para expressar algum xingamento. Cozinhar qualquer prato com kolokythia (abobrinhas) sempre envolvia certa dose de risadas e, bom… abobrinhas.

Agora, papo sério. Kolokithokeftedes (kολοκυθοκεφτέδες – kolokithôkeftédhes) são bolinhos de abobrinha normalmente servidos como meze em restaurantes gregos. São crocantes por fora e cremosos por dentro, além de serem incrivelmente aromáticos por conta de todas as ervas frescas que a receita leva. Eles são fritos, mas assados em forno médio também dão super certo, desde que pincelados com um pouco de azeite. É isso! Bora cozinhar?

*Nível de dificuldade: médio
*Tempo de preparo: 45 minutos

*Serve, em média: 6 pessoas

Ingredientes:
– 3 abobrinhas grandes, raladas
– 4 dentes de alho, ralados
– 1 xícara de chá de farinha de trigo
– 1 e 1/2 xícara de chá de farinha de rosca ou panko
– 2 ovos, levemente batidos
– Queijo parmesão ralado, a gosto (ou o queijo de sua preferência)
– 2 colheres de sopa de orégano
– Salsinha fresca picada, a gosto
– Cebolinha fresca picada, a gosto
– Hortelã fresca picada, a gosto
– Noz-moscada ralada, a gosto
– Sal e pimenta, a gosto
– Óleo vegetal ou azeite de oliva, para fritura rasa

Modo de preparo:
1. 
Para começar, coloque as abobrinhas raladas em uma peneira com uma pitada de sal e deixe-as escorrendo durante pelo menos 30 minutos. A abobrinha solta bastante água, e queremos elas secas o suficiente para esta receita.
2. Em uma tigela, adicione as abobrinhas raladas, o alho, a farinha de trigo, a farinha de rosca (ou panko), os ovos, o queijo, o orégano, a salsinha, a cebolinha e a hortelã. Misture.
3. Tempere com a noz-moscada, o sal e a pimenta. Misture novamente até formar uma massa levemente úmida.
4. Em uma frigideira média, aqueça o óleo ou o azeite. Quando estiver quente, molde os bolinhos utilizando uma colher de sopa molhada, para não grudar.
5. Coloque-os com cuidado na frigideira, e doure cada um dos lados.
6. É importante lembrar que a fritura não é feita por imersão, e sim, de forma rasa.
7. Coloque os bolinhos prontos em um refratário com papel toalha para absorver o óleo (ou azeite). Agora, é só servir!

Dica amiga:
As Kolokithokeftedes servem perfeitamente como aperitivo, mas também podem ser servidas como prato principal, acompanhadas de uma boa salada. Além disso, vale indicar o refrescante Tzatziki como molho de acompanhamento. A combinação abobrinha + iogurte é deliciosa!

Melitzanosalata (pasta de berinjela)

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Não vou mentir, eu estava muito empolgada para compartilhar essa receita e acabei adiantando a postagem. Como costumo fazer com as minhas coisas, tenho todo um cronograma de receitas para postar por mês (não vivo sem essa organização, gente). Pois bem, em virtude da Quaresma, planejei uma postagem de receitas de preferência vegetarianas pelas próximas semanas. No começo, pensei em postar Fassolada, mas algo aconteceu no fim de semana passado que fez com que eu acabasse revendo as minhas escolhas.

Estava me preparando para uma comemoração de aniversário em família quando ouvi minha mãe falar: “a yiayia vai trazer Melitzanosalata para o jantar”. Fiquei extremamente feliz, por vários motivos. Primeiro, porque amo tudo o que a minha avó cozinha. Segundo, porque eu havia feito a mesmíssima receita na semana anterior (pelo visto, eu e minha avó vivemos sintonizadas na cozinha, acho que é um laço que temos). Não deu outra, foi só colocar a Melitzanosalata na mesa, e todos atacaram. Mas, Heleni, que negócio maravilhoso é esse? Senta que vou te contar.

Melitzanosalata (μελιτζανοσαλάτα – melitzanosaláta – salada de berinjela) é uma pasta de berinjela muito simples, mas que difere do já conhecido Babaganoush, já que não leva Tahine. Ela é mais uma integrante da maravilhosa seleção de mezédes (aperitivos) gregos, junto com o Tzatziki, a Taramosalata (pasta de ovas de carpa) e a Fava (purê de ervilha amarela). O mais engraçado de tudo é que eu detestava essa pasta quando era pequena. Vinte anos depois (e minha mãe foi testemunha), implorei que minha avó deixasse o restinho de Melitzanosalata para meu almoço do dia seguinte.

São dois os fatores que fazem desta pasta uma coisa dos deuses: a textura e o sabor acentuado das berinjelas assadas (ou defumadas). Algumas pessoas optam por bater os ingredientes no liquidificador, mas eu prefiro o jeito rústico mesmo: amassando tudo com um garfo. Já as berinjelas, alguns as preferem assadas e outros, defumadas na boca do fogão. Aí é sua escolha! Ela é saborosa de todos os jeitos.

*Nível de dificuldade: fácil
*Tempo de preparo: 40 minutos

*Serve, em média: 6 pessoas

Ingredientes:
– 3 berinjelas grandes, lavadas, sem as pontas
– 1 pão francês amanhecido, esfarelado (ou 1/2 xícara de chá de farinha de rosca)
– 3 dentes de alho, ralados
– 1/2 xícara de chá de azeite de olive extravirgem
– 3 colheres de sopa de vinagre ou sumo de limão
– Sal e pimenta, a gosto
– Salsinha fresca picada, a gosto

Modo de preparo:
1. 
Fure as berinjelas com um palito de dente e asse-as em forno alto por aproximadamente 30 minutos ou até que fiquem macias e murchas. Durante o procedimento, vire as berinjelas no com um garfo, para assegurar que todos os lados fiquem igualmente assados.
2. Deixe que as berinjelas esfriem por alguns minutos e, em seguida, com uma colher, retire toda a polpa de cada uma, deixando a casca de lado.
3. Em uma tigela, amasse as berinjelas com um garfo.
4. Adicione o pão francês esfarelado (ou a farinha de rosca), o alho, o azeite, o vinagre (ou sumo de limão), o sal, a pimenta e a salsinha. Misture bem.
5. Sirva em seguida com um pouco de azeite ou, se preferir, deixe na geladeira por pelo menos 1 hora, para realçar o sabor.

Dica amiga:
Uma boa dica, dada pela minha avó, é assar as berinjelas na boca do fogão – ou seja, colocá-las diretamente em contato com o fogo, para que a pasta fique com um sabor defumado (e que, para mim, é o charme do negócio). E claro que, depois de grelhadas, é importante tirar a casca, para que a pasta não fique com um sabor de queimado. Para uma textura diferente, acrescente um pouco de ricota esfarelada e misture!

Hummus (pasta de grão-de-bico)

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O post de hoje será bem breve e simples – igual a receita que virá de acompanhamento!

Você já ouviu falar em Hummus? Hummus é uma pastinha típica da culinária árabe feita a partir de dois ingredientes básicos: grão-de-bico e pasta de gergelim (mais conhecida como Tahine). O meu primeiro contato com Hummus foi na Austrália, quando meu pai costumava voltar do mercado de produtos orgânicos com potinhos dessa deliciosa pastinha. Era a minha favorita e acabou ficando para sempre em minha memória. Hoje, compartilho com vocês a receita que costumo fazer e que venho aperfeiçoando. Afinal, como não amar grão-de-bico?

*Nível de dificuldade: fácil
*Tempo de preparo: 20 minutos

* Serve, em média: 6 pessoas

Ingredientes:
– 250 g de grão-de-bico cozido (reservar água do cozimento)
– 2 dentes de alho, ralados
– 2 colheres de chá de Tahine (pasta de gergelim)
–  1/2 xícara de chá de azeite de olive extravirgem
– Sal e pimenta, a gosto
– 1/2 colher de chá de cominho em pó
– Sumo de  1/2 limão
– 1 xícara de chá da água do cozimento do grão-de-bico
– Páprica e folhas de hortelã ou salsinha fresca picada, para servir
– Azeite de oliva a gosto, para servir

Modo de preparo:
1. 
Em um processador ou liquidificador, adicione o grão-de-bico cozido, os dentes de alho, o Tahine, o azeite de oliva, o sumo de limão, o cominho, a água do cozimento do grão-de-bico e o sal e a pimenta.
2. Bata tudo por cerca de 2 minutos ou até que a pasta fique homogênea.
3. Se a pasta estiver muito grossa e difícil para bater, adicione um pouco mais de azeite.
4. Sirva com páprica, azeite e folhas de hortelã ou salsinha fresca.

Dica amiga:
Sirva o Hummus com pão sírio, pão pita ou o pão de sua preferência. Você pode, também, servir uma seleção de pastinhas como entrada, com Hummus, Tzatziki e Melitzanosalata (em breve aqui no blog).

Feta Saganaki (queijo frito com mel e gergelim)

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O post de hoje vai para todos aqueles que amam um queijo. E não é qualquer queijo, não… é QUEIJO FRITO. Ou seja, não tem como dar ruim. Mesmo crescendo com muitos pratos gregos, eu só fui descobrir Feta Saganaki nos restaurantes gregos da Austrália. A primeira vez que comi esse aperitivo foi em um restaurante no Hellenic Club de Camberra (algo como um prédio cheio de restaurantes, cafés e entretenimento que continua sendo ponto de encontro para os gregos de lá). Acabei me apaixonando, afinal, quem me conhece, sabe que eu não dispenso um queijo.

Φέτα σαγανάκι (Feta saghanáki) é um aperitivo muito apreciado na Grécia feito com algum queijo como Feta, Graviera, Kasseri, Kefalotyri ou até mesmo Halloumi (no Chipre), o qual é fatiado em pedaços grossos, que são empanados, fritos e servidos com limão e pimenta moída; mas, podendo variar – como na receita de hoje. Este é um aperitivo delicioso para quem ama queijo, e cai super bem com uma salada e um bom pão. Além disso, como a Feta ainda não é comercializada no Brasil, aconselho, para um melhor resultado, o uso de queijos como o queijo coalho e o Provolone.

*Nível de dificuldade: fácil
*Tempo de preparo: 30 minutos

*Serve, em média: depende da quantidade de queijo que você utilizar.

Ingredientes:
– 250 g de queijo Feta (também pode ser: tipo Feta, queijo coalho ou Provolone)
– 3 colheres de sopa de mel
– 1/2 xícara de chá de gergelim
– 1 xícara de chá de farinha de rosca
– 1 xícara de chá de farinha de trigo
– 2 ovos, levemente batidos
– 4 colheres de sopa de azeite de oliva, para fritar

Modo de preparo:
1. 
Corte o queijo em blocos ou pedaços mais grossos.
2. Misture a farinha de rosca com o gergelim em uma tigela.
3. Tenha três tigelas à disposição: uma com os ovos batidos; uma com a farinha de trigo, e outra com a farinha de rosca e o gergelim.
4. Passe uma fatia de queijo no ovo, depois na farinha de trigo, depois no ovo novamente e, por fim, na farinha de rosca. Repita esse processo com todas as fatias.
5. Aqueça o azeite de oliva em uma frigideira. Frite o queijo de um lado, espere dourar, e faça o mesmo com o outro lado.
6. Sirva com mel e, se desejar, salpique mais gergelim.

Dica amiga:
Você pode fazer uma versão “salgada” desta receita e optar por outros temperos. Experimente adicionar pimenta-preta e orégano na farinha de rosca, por exemplo. Se não quiser usar mel, pode servir o queijo com algumas fatias de limão e finalizar com páprica defumada.

*Atenção!!!! Não fritar o queijo por imersão!*

Gigantes Plaki…

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…ou, o melhor feijão-de-lima com molho de tomate que você respeita. Este acabou se tornando um dos meus pratos gregos favoritos. Como já expliquei por aqui, os gregos consomem MUITAS leguminosas. Mas, o prato de hoje, é especialmente querido por lá. Lembro bem de almoçar em uma taverna em Paros alguns anos atrás, e um dos “pratos do dia” era Gigantes Plaki – um dos melhores que já comi até hoje, na verdade. Nota sobre “pratos do dia” na Grécia e “mageireftá” (“slow food”, comida caseira): em minha opinião, esta é sempre a melhor opção em restaurantes gregos, faça frio ou faça calor – os ingredientes e pratos costumam ser mais fresquinhos.

Os feijões “gigantes” são, como o nome já diz, feijões brancos gigantes. Eles são cultivados na Grécia, especialmente no norte do país, em regiões como Kastoria, Florina e Drama, e possuem Indicação Geográfica Protegida. Vez ou outra, é possível encontrá-los à venda no Brasil, em mercados especializados ou feiras. Na falta deles, podemos utilizar o feijão-de-lima, que é bem parecido e não muda tanto o resultado final.

Gigantes Plaki (γίγαντες πλακί – ghíghandes plakí) é o nome dado a esse prato, que geralmente é servido como meze, e que significa que os feijões foram cozidos lentamente no forno com um molho de tomate delícia, normalmente em panelas de barro. Para muitas pessoas, o endro é um ingrediente muito importante (de fato, quase todas as versões que já provei tinham endro); outras pessoas gostam de adicionar vegetais como cenoura e salsão em rodelas. Eu, particularmente, gosto da versão mais simples, mas tudo isso fica a seu critério. O importante aqui é ter o feijão, um bom molho de tomate e um ótimo azeite extravirgem.

*Nível de dificuldade: médio
*Tempo de preparo: 2h30
*Serve, em média: 4 pessoas, porção grande

Ingredientes:
– 500 g de feijão-de-lima (deixados de molho de um dia para o outro)
– 1 cebola roxa média, em cubos
– 4 dentes de alho, picados
– 3 xícaras de chá de tomates maduros, ralados
– 1 xícara de tomate pelado
– 1 colher de sopa de orégano
– Sal e pimenta, a gosto
– Salsinha fresca picada, a gosto
– 1 folha de louro
– 1 xícara de chá de azeite de oliva extravirgem + extra para refogar
– Endro (dill) fresco picado, a gosto (opcional)
– 1 pitada de açúcar
– 1 copo de água morna
– Coentro a gosto, para salpicar

Modo de preparo:
1. 
Cubra o feijão com água e cozinhe na pressão durante 15-20 minutos, até que fique macio mas não desmanchando.
2. Enquanto isso, prepare o molho. Refogue a cebola até que fique transparente. Adicione o alho, os tomates ralados, o tomate pelado, o orégano, o sal, a pimenta, o louro e o açúcar. Espere pegar fervura e, logo após, cozinhe em fogo baixo até o molho engrossar.
3. Adicione o feijão cozido, a salsinha fresca e o endro. Misture bem e desligue o fogo.
4. Preaqueça o forno a 200°C.
5. Despeje o conteúdo em uma travessa (se tiver uma panela ou travessa de barro, melhor ainda). Adicione a xícara de azeite e a xícara de água morna. Misture levemente.
6. Asse os feijões durante 40 minutos, ou até que fiquem bem macios e levemente caramelizados e, o molho, bem encorpado. Misture vez ou outra para não grudarem no fundo da travessa. Se necessário, adicione mais água.
7. Sirva com coentro fresco (ou com a erva fresca de sua preferência).

Dica amiga:
Gigantes Plaki fica mais delicioso no dia seguinte, ou se servido em temperatura ambiente. Uma excelente dica é acompanhar o prato com um bom pão caseiro ou com um pão italiano, e salpicar os feijões com ricota ou servir com um pedaço de Feta.

Skordaliá (pasta de alho grega)

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Na minha casa, o prato que vou ensinar hoje sempre foi um pouco “mitológico”. Digo isso porque ele leva bastante alho (obviamente) e aqui quase todos têm dificuldade para digerir alho cru. Sempre ouvia a minha avó falando sobre como essa pasta é uma delícia e ficava com vontade de provar, afinal, eu sou a louca do alho – ele não pode faltar nas minhas comidas. Pois bem, finalmente testei a receita e hoje posso dizer que sim, a pasta é realmente é uma delícia.

Skordaliá (Σκορδαλιά – Skordhaliá) é uma espécie de pasta de alho grega. Ela parece um purê porque, na verdade, é quase um purê mesmo – a versão mais popular e dita “verdadeira” leva batatas amassadas. Algumas famílias fazem com pão amanhecido batido ou uma mistura dos dois ingredientes. É muito popular durante a Quaresma, pois serve de acompanhamento para peixes e vegetais. O ingrediente principal aqui é o alho (skordho = alho), portanto, se você tem problemas para digerir alho cru ou vai beijar alguém essa noite, eu não recomendo. Mas, se você quiser muito provar esse prato/acompanhamento, é só diminuir na quantidade de alho.

*Nível de dificuldade: fácil
*Tempo de preparo: 1 hora

*Serve, em média: 4 pessoas

Ingredientes:
– 3 batatas grandes, cozidas
– 6 dentes de alho
– Meia xícara de azeite de oliva extravirgem
– Sal e pimenta a gosto
– 1 colher de sopa de vinagre de vinho tinto
– Sumo de meio limão

Modo de preparo:
1.
Em um pilão, bata bem os dentes de alho com o sal e a pimenta até criar uma pasta.
2. Em uma tigela, amasse bem as batatas, adicione a pasta de alho, o azeite, o vinagre e o sumo de limão. Amasse tudo e mexa bastante até que a mistura fique cremosa, mas, ao mesmo tempo, rústica.
3. Ajuste o sal se necessário e sirva com um pouco mais de azeite.

Dica amiga:
Gosto da Skordaliá bem rústica, ou seja, com alguns pedacinhos de batata inteiros. Você pode optar por fazer uma versão bem cremosa, como um requeijão mais ralo, é só utilizar um mixer para bater tudo! Para dar uma incrementada, você pode servir com um pouco de alecrim ou salsinha fresca. 

Revithokeftedes (bolinhos de grão-de-bico)

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Não vou mentir, esta é uma receita grega, mas não é uma receita de família. Na verdade, foi a primeira vez que testei em casa – e simplesmente amei. Como já mencionei em outro post, os gregos chamam de “keftedes” coisas como bolinhos, almôndegas, etc. Estes aqui, chamados de Revithokeftedes (Ρεβυθοκεφτέδες – Revithôfeftêdes) são feitos com grão-de-bico (Revithia, em grego). É como se eles fossem Falafel, só que na versão grega.

Há uns tempos testei uma receita de Falafel em casa, e adorei. Amo todas as comidas do Oriente Médio, mas, preciso confessar, também adorei fazer a versão grega. A minha receita é prática e diferente porque leva grão-de-bico cozido – os bolinhos ficam crocantes por fora e macios por dentro – e os temperos também mudam. Alguns gregos usam batatas na massa, mas eu usei farinha de trigo. As Revithokeftedes são, muitas vezes, apreciadas como Meze (aperitivos), ou seja, você não precisa servir elas muito quentes. Por fim, sirva-as com uma horiatiki salata, um pouco de tzatziki e pão Pita. É uma combinação divina!

*Nível de dificuldade: médio
*Tempo de preparo: 1h30

*Serve, em média: 4 pessoas

Ingredientes:
– 250 g de grão-de-bico cozido
– 4 colheres de sopa da água do grão-de-bico cozido
– 1 cebola média, picada
– 2 dentes de alho, picados
– Cebolinha picada, a gosto
– Salsinha picada, a gosto
– Hortelã fresca picada, a gosto
– 1 colher de chá de orégano
– 1 pitada de cominho
– Sal e pimenta a gosto
– 3 colheres de sopa de farinha de trigo (você pode substituir por 2 xícaras de chá de purê de batata)
– Óleo para fritar
– Papel toalha

Modo de preparo:
1.
Bata o grão-de-bico com a água de seu cozimento em um processador. Despeje a massa em uma tigela.
2. Adicione a cebola, o alho, a cebolinha, a salsinha, a hortelã, o orégano, o cominho, o sal e a pimenta. Misture bem. Adicione a farinha e misture até dar o ponto. A massa precisa estar firme para que você possa fazer bolinhas com a mão.
3. Esquente o óleo e faça bolinhas com uma colher de sopa – do tamanho de uma bolinha de ping pong. Se preferir, você pode transformar a massa em discos pequenos, ou seja, amassando a bolinha. Não se preocupe com a perfeição!
4. Frite as bolinhas no óleo bem quente até que todos os lados estejam dourados.
5. Deixe que sequem no papel toalha e, depois, é só servir!

Dica amiga:
Se você preferir, pode servir as Revithokeftedes com um pouco de sumo de limão. Elas ficam uma delícia!

Keftedes (almôndegas gregas)

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Não sei bem se esse é o caso com os gregos do exterior, mas toda vez que vou para a Grécia existem pratos e comidas que preciso comer todos os dias só para matar a vontade, já que são raros no Brasil. Tenho certeza que isso acontece com os brasileiros que moram fora também – morando na Austrália, eu não podia comer feijão e arroz todo dia, pão de queijo não existia, e muito menos Guaraná, pastel, e todas as outras coisas maravilhosas daqui. Hoje, de volta ao Brasil, sinto falta das coisas gregas que eu podia comer toda hora na Austrália – que tem uma comunidade de aproximadamente 700.000 gregos. Aqui é difícil achar o queijo Feta, a Vissinada (suco de cereja), os tomates doces e suculentos, o Gyro (“churrasco grego”) com um pão pita na chapa verdadeiramente divino, os doces maravilhosos e até mesmo as Keftedes.

As Keftedes (Kεφτέδες – kêftedhes) são almôndegas parecidas com as Kaftas que comemos por aqui. Na verdade, esse tipo de almôndega é fruto dos anos de Império Otomano, e é por isso que muitos países daquela região preparam essa delícia. A única diferença são os ingredientes usados e o formato em que são moldadas, mas a essência é a mesma. Os gregos costumam utilizar bastante hortelã, orégano, canela, vinho e pão amassado na mistura. Não estou de brincadeira quando falo que dá vontade de comer Keftedes todos os dias na Grécia. Mas hoje vou ensinar a receita aqui e aí ninguém vai ter desculpa para não fazer em casa. Bora lá!

*Nível de dificuldade: médio
*Tempo de preparo: 2 horas

*Serve, em média: 6 pessoas

Ingredientes:
– 800g de carne moída (na Grécia eles utilizam carne de cordeiro ou de porco ou uma mistura com carne de boi)
– 1 cebola pequena, em cubos ou ralada
– 1 dente de alho, ralado
– 2 pães brancos (pode ser pão francês)
– 4 colheres de sopa de vinho (ou cerveja)
– Salsinha a gosto
– 3 ramos de hortelã, picados (a hortelã pode ser seca também)
– Cominho a gosto
– Canela a gosto
– 1 colher de sopa de orégano
– Sal e pimenta a gosto
– 1 colher de sopa de azeite de oliva extravirgem
– 1 ovo
– Óleo para fritar

Modo de preparo:
1. 
Comece hidratando o pão despedaçado no vinho ou na cerveja.
2. Coloque a carne moída em uma tigela e adicione a cebola, o alho, a salsinha, a hortelã, o cominho, a canela, o orégano, o sal, a pimenta e o azeite de oliva.
3. Amasse tudo e adicione o pão hidratado e o ovo. Misture.
4. Deixe a massa descansar na geladeira por 1 hora.
5. Retire e faça bolinhas do tamanho de uma bola de ping pong. Amasse cada bolinha para que fique no formato de um disco, como se fosse um mini-hambúrguer.
6. Esquente o óleo em uma frigideira e frite os bolinhos até que fiquem dourados. (Você pode assar no forno se preferir!)
7. Dica amiga: Os gregos costumam consumir as Keftedes como aperitivo (meze) junto com o Tzatziki (pasta de iogurte com pepino). Em alguns restaurantes, quem acompanha é a batata frita. De qualquer jeito, fica uma delícia!