Briam (vegetais sortidos assados)

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A receita de hoje é mais uma da série “eu detestava comer isso na infância” – detestava, sim, no passado. Hoje considero este um dos pratos mais fáceis e versáteis da culinária grega. Como diz a diva Rita Lobo: “é pá pum!”. Abra qualquer livro de culinária grega e Briam aparecerá logo no início da categoria Ladherá.

Apesar de algumas pessoas (inclusive em muitos livros de receitas) chamarem este prato, carinhosamente, de Tourlou Tourlou (tradução livre: tudo junto e misturado), eu sempre o conheci como Briam ou Briami (Μπριαμ – Briám). Digamos que esta seja a nossa versão do clássico ratatouille – muitos vegetais, muito azeite, muito tomate… tudo junto e misturado! Garanto que é super tranquilo de preparar. Você pode servi-lo como prato principal ou como acompanhamento e, ainda, adicionar outros ingredientes como cogumelos, quiabo, vagem, etc. Seja criativo e me acompanhe!

*Nível de dificuldade: fácil
*Tempo de preparo: 1h30

*Serve, em média: 4 pessoas

Ingredientes:
– 6 batatas médias, cortadas em pedaços grossos
– 2 abobrinhas, cortadas em rodelas
– 1 berinjela grande, cortada em rodelas (opcional)
– 1 cebola roxa, cortada em pedaços grandes
– 2 dentes de alho, ralados
– 1 pimentão vermelho médio, cortado em tiras
– 1 alho-poró médio, cortado em rodelas (opcional)
– 3 tomates grandes, ralados
– 1 colher de chá de orégano
– 1/2 xícara de chá de salsinha fresca picada
– Sal e pimenta, a gosto
– 1/2 xícara de chá de azeite de oliva extravirgem + extra
– 1/2 copo americano de água morna

Modo de preparo:
1. 
Em tigela grande, misture as batatas, as abobrinhas, a berinjela, a cebola, o pimentão, o alho-poró e os dentes de alho ralados.
2. Tempere tudo muito bem com o orégano, a salsinha fresca, o sal e a pimenta. Misture.
3. Despeje os vegetais em uma travessa grande, adicione os tomates ralados e o azeite de oliva. Misture bem e adicione a água morna.
4. Leve ao forno preaquecido e asse em forno médio durante 50 minutos ou até que tudo esteja bem cozido e macio.
5. Retire do forno e regue com um pouco mais de azeite. Agora é só servir!

Dica amiga:
Vale a pena esperar um pouquinho para saborear 
Briam em temperatura ambiente ou, se preferir, no dia seguinte – isto é, claro, com bastante pão para absorver o caldinho!

Ellinikos Kafés (café grego)

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Quantas vezes você se lembrou de alguém querido ao fazer uma refeição? Ou ao preparar um prato específico? Aposto que muitas. Eu também. O post de hoje foi especialmente difícil de escrever. Escrevi, apaguei, reescrevi… muitas e muitas vezes. Tudo porque café grego me faz pensar em meus avós, meus bisavós, meus trisavós e assim por diante. São tantas as histórias que sinto que vivi coisas que, na verdade, nunca vivi. O café grego é uma ponte para o passado e uma expressão de amor.

Dia 23 recebemos a ligação. De madrugada, pappous Georgios nos deixou. Justamente na semana que estava ensaiando fazer esta postagem, acabei não dando conta. Não sabia se escrevia ou se chorava (ou os dois). Para piorar, acabei assistindo O Tempero da Vida de novo, o que ativou o botão “poça de lágrimas”. Então, uma frase do filme me fez pensar e resumiu as longas conversas que tive com meu avô: “No céu há coisas que nós podemos ver, mas há também coisas que não podemos ver. Fale sempre sobre as coisas que outros não podem ver. As pessoas gostam de ouvir histórias sobre coisas que elas não podem ver”.

Pois bem. O café grego, para mim, sempre falou sobre coisas que nunca pude ver. É a minha conexão com os meus antepassados. Na infância, eu não bebia café, pois era coisa de adulto. Ainda assim, me recordo de todas as vezes que entrei na casa dos meus avós, perfumada pelo cheiro da bebida. Esse cheiro anunciava, também, o fim da sesta de todos os dias. Religiosamente, um ou dois cafés eram bebidos lentamente ao som dos programas de TV da tarde.

Tenho, também, as lembranças de yiayia Stratoula, minha bisavó e kafetzou (senhora que pratica cafeomancia) talentosa. Durante as passagens dela por Brasília, juntavam-se as mulheres da família e, assim, ela lia a borra de café de todas. Ela enxergava tudo, mesmo que não pudéssemos ver.

Apesar de todo o peso sentimental que o Ellinikos Kafes (ελληνικός καφές – ellinikôs cafés) tem em minha vida, nunca fui sua grande admiradora pelo sabor. Em tempos recentes, num pequeno kafenío no vilarejo da minha avó Eleni, eu acabei pedindo um elliniko para acompanhar as pessoas que estavam ao meu redor. E… bem, a experiência não foi tão ruim assim!

Tradicionalmente, o café grego é preparado e fervido em um briki (pequena cafeteira com um formato próprio para o seu preparo) com café grego ou árabe – ou seja, um café fino e de torra leve – e, como ele não é coado, sua borra acaba ficando no fundo da xícara. Leia mais instruções a seguir!

*Nível de dificuldade: fácil
*Tempo de preparo: 5 minutos

*Serve: medida individual

E você? Como prefere o seu café grego?

– Sketos (puro): Sem açúcar, apenas o café
– Glykos (doce): Do jeito que eu gosto, ou seja – duas colheres de chá de açúcar para cada colher de chá de café
– Metrios (médio): O mais popular – uma colher de chá de açúcar para cada colher de chá de café
– Variglykos (forte e muito doce): Três colheres de chá de açúcar para três colheres de chá de café

Ingredientes (para um café doce):
– 1 xícara de café (demitasse, pequena, 60 ml) de água filtrada
– 1 colher de chá cheia de pó de café grego ou árabe (ou, ainda, café de torra leve e moagem fina)
– 2 colheres de chá de açúcar
– 1 briki pequeno (cafeteira própria para este café)

Modo de preparo:
1. 
No briki, adicione a água, o açúcar e o pó de café. Misture bem com uma colher de chá.
2. Esquente a mistura em fogo baixo (o mais baixo possível no seu fogão).
3. Quando uma leve espuma começar a aparecer com pequenas borbulhas, retire o briki do fogo por mais ou menos 15 segundos.
4. Coloque-o novamente no fogo, e, assim que começar a ferver (borbulhas maiores), apague o fogo imediatamente.
5. Espere 5 minutos e sirva o café em uma xícara demitasse (xícara pequena para café).

Pontos importantes:
– Em momento algum pense em misturar o café na xícara. Não se mistura café grego.
– Cuidado para não ferver o café demais ou para ele não transbordar do briki (sujando todo seu fogão).
– A borra do café se assenta no fundo da xícara mesmo.
– Kaimaki (káimáki) é o nome que damos à espuma que fica no topo da xícara. Para muitos gregos, quanto mais espuma, melhor!

Dica amiga:
Sirva o café com um copo de água gelada de lado e o docinho ou biscoito de sua preferência! Vale lembrar que tomar café grego é um ritual demorado e relaxante, então não se apresse. 

Spanakorizo (arroz com espinafre)

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Uma das coisas que as pessoas têm comentado comigo (com surpresa) é o fato de a culinária grega oferecer uma variedade de pratos à base de vegetais. Parte disso com certeza vem da tradição do jejum da Igreja Ortodoxa Grega. Algumas pessoas chegam a passar quase metade do ano sem comer alimentos de origem animal! Mas, isso não quer dizer “alimentação sem graça” – sempre vale improvisar, usar ervas frescas e especiarias e priorizar os alimentos da estação.

Hoje compartilho uma receita muito simples e saborosa utilizando o queridinho da Grécia: O espinafre. O Spanakorizo (Σπανακόριζο – Spanakôrizo) é semelhante ao Lahanorizo – um arroz cremoso e aromático servido como prato principal… só que com espinafre. O prato também leva um pouco de vinho, o que faz com que acabe parecendo muito com um risoto. Cabe a você escolher o tipo de arroz e ficar atento ao tempo de cozimento! Na Grécia, utilizamos arroz carolino, mas, como não é encontrado com facilidade por aqui, recomendo qualquer arroz para risoto.

*Nível de dificuldade: fácil
*Tempo de preparo: 1 hora

*Serve, em média: 8 pessoas

Ingredientes:
– 1 cebola média, picada
– 3 dentes de alho, picados
– 2 maços de espinafre, lavados, sem talos
– 2 xícaras de arroz branco (ou arroz para risoto)
– 3 colheres de sopa de azeite de oliva
– 1 xícara de chá de cebolinha picada
– 1/2 xícara de chá de vinho branco
– 1 xícara de chá de endro (dill) picado (opcional)
– 6 xícaras de chá de água morna
– 2 colheres de sopa de manteiga
– Sal e pimenta, a gosto
– Noz-moscada ralada, a gosto
– Sumo de limão, para servir (opcional)
– Queijo Minas, parmesão ralado ou ricota desmanchada, para servir

Modo de preparo:
1. 
Em uma panela grande, refogue a cebola e o alho no azeite até que fiquem transparentes.
2. Junte o arroz e o vinho branco e misture. Cozinhe por mais ou menos dois minutos.
3. Em seguida junte o espinafre, a cebolinha, o endro, o sal, a pimenta e a noz-moscada. Misture bem e junte a água morna. Deixe pegar fervura, e, em seguida, cozinhe em fogo baixo até que o arroz fique macio (e cremoso – no caso do arroz para risoto). Se necessário, adicione mais água para o cozimento. O espinafre deve ficar macio também.
4. Quando o arroz estiver cozido (é importante que ele não esteja completamente seco, um pouco de líquido deve permanecer) adicione a manteiga e misture.
5. Sirva com sumo de limão e queijo ralado.

Dica amiga:
Acompanhe o Spanakorizo com ovos cozidos ou fritos, queijo Minas ou ricota desmanchada e um bom pão!

Soutzoukakia Smyrneika (almôndegas de Esmirna)

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O prato de hoje é simplesmente o meu favorito de toda a culinária grega! É impossível não me lembrar da primeira vez em que meu pai cozinhou Soutzoukakia para mim. Como em O Tempero da Vida, sentir o cheiro do cominho e do vinho me hipnotizou. Até hoje, quando meu pai me pergunta o que cozinhar, eu respondo que quero Soutzoukakia. Com o tempo, cozinhando alguns pratos gregos, fui adaptando receitas da maneira que aprendi com a minha avó: adicionando canela nas carnes e molhos. No filme que citei, pappou Vassilis diz que “a canela faz as pessoas olharem umas nos olhos das outras. Se quer dizer ‘sim’, então adicione canela”. Então sim, o post de hoje terá aroma de canela. Mas de cominho, vinho e louro também!

Soutzoukakia Smyrneika (Σουτζουκάκια Σμυρνέικα – Sutzukákia Smyrnêika), como o nome já diz, é um prato que foi levado pelos gregos de Esmirna (em grego, Smyrne – atual Turquia) para a Grécia. Esmirna, esta fascinante cidade localizada perto da ilha de Chios, foi muito famosa por sua culinária, a qual transcendeu uma época turbulenta e foi passada de geração em geração (vale a pena pesquisar mais sobre!). Soutzoukakia são bolinhos de carne moída temperados com especiarias, moldados em formato de croquete ou linguiça, fritos e depois cozidos em um intenso molho de tomate. Por conta de todos esses processos, o prato não é difícil de fazer, porém, é bastante trabalhoso – então tenha isso em mente.

É importante frisar que cada região da Grécia possui sua tradição culinária. A culinária das ilhas Jônicas e do Peloponeso, por exemplo, carrega consigo uma grande influência veneziana. Nas ilhas do Egeu, vegetais, cereais e frutos do mar são consumidos frequentemente, com consumo mínimo de carne vermelha. No norte, por conta das baixas temperaturas e regiões montanhosas, pratos mais pesados e apimentados são consumidos. O prato de hoje tem sua origem na Ásia Menor, famosa por sua culinária intensa e que faz uso de muitas especiarias, como canela, cominho e pimenta.

Tá preparado para cozinhar? Então aqui vai a receita!

*Nível de dificuldade: médio para difícil
*Tempo de preparo: 2 horas
*Serve, em média: 6 pessoas

Ingredientes:
Para os bolinhos:
– 1 kg de carne moída
– 2 colheres de sopa de azeite extravirgem
– 2 ovos
– 2 pães amanhecidos, desmanchados e molhados com um pouco de água (eu utilizei pão francês)
– 1/2 xícara de chá de vinho tinto seco + extra se precisar
– Sal e pimenta, a gosto
– 2 colheres de sopa de orégano
– 1 colher de chá de canela em pó
– 1/2 xícara de chá de salsinha fresca, picada
– 2 colheres de chá de cominho em pó
– 2 xícaras de chá de farinha de trigo, para enrolar os bolinhos
– Óleo para fritar

Para o molho:
– 1 cebola grande, em cubos
– 3 dentes de alho, picados
– 3 colheres de sopa de azeite extravirgem, para refogar
– 3 tomates grandes, maduros, ralados
– 1 lata de tomate pelado
– 1/2 xícara de chá de vinho tinto seco
– 2 folhas de louro
– 2 ramas de canela
– Sal e pimenta, a gosto
– 1 colher de chá de açúcar
– 2 xícaras de chá de água morna

Modo de preparo:
1. 
Comece preparando a carne. Em uma tigela, junte a carne, o azeite, os ovos, o pão amanhecido, o sal, a pimenta, o orégano, a canela, a salsinha e o cominho. Misture tudo muito bem e reserve na geladeira.
2. Enquanto a carne apura o sabor, prepare o molho. Refogue a cebola e o alho no azeite até que fiquem translúcidos. (De preferência em uma panela grande)
3. Adicione os tomates ralados e os tomates pelados desmanchados. Misture.
4. Junte o vinho tinto e deixe o molho cozinhar em fogo baixo por aproximadamente 5 minutos.
5. Adicione o açúcar, o sal, a pimenta, as folhas de louro, as ramas de canela e a água morna. Misture tudo e deixe cozinhar em fogo baixo até engrossar.
6. Agora, os bolinhos! Separe o vinho tinto em uma tigela e a farinha de trigo em outra.
7. Em uma frigideira, aqueça óleo suficiente para fritar os bolinhos (fritura rasa).
8. Molde os bolinhos em formato de croquete, banhe-os no vinho e depois os enrole na farinha de trigo.
9. Frite poucos bolinhos de cada vez para evitar a queda de temperatura do óleo. Não é preciso fritá-los demais, pois continuarão cozinhando no molho de tomate.
10. Com cuidado, retire os bolinhos com uma escumadeira e transfira-os para a panela do molho de tomate. Repita o procedimento com todos os bolinhos.
11. Cozinhe tudo em fogo baixo por mais 15 minutos. É importante que o molho fique intenso e encorpado e que cubra todos os bolinhos. Caso necessário, adicione mais água para o cozimento.

Dica amiga:
Acompanhe este prato com o arroz de sua preferência, batatas fritas ou um bom purê de batatas! Se você deseja ir além, experimente rechear as almôndegas com queijo. Também ficam deliciosas!

Maroulosalata (salada verde grega)

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A receita de hoje é, possivelmente, a mais simples que ousará aparecer neste blog. Afinal, como não ser, com uma salada baseada em… alface? Nossa, Heleni, é sério isso? Você vai nos mostrar uma receita de salada de alface? Pois é, amigos. Acontece que essa salada é uma ligação instantânea com meus invernos em Kozani. As lembranças são inúmeras! E é difícil convencer as pessoas que ela vale a pena (vamos combinar que a alface é uma das verduras mais marginalizadas por aí). Entretanto, quero mostrar para vocês como ela pode servir como um acompanhamento delicioso para diversos pratos.

Maroulosalata (μαρουλοσαλάτα – marulossaláta) é, essencialmente, uma salada que leva alface romana (que se originou na ilha grega de Kos) e outros vegetais e ervas frescas como endro e cebolinha. Nos invernos que passei com os meus bisavós na Grécia nem sempre a Horiatiki Salata (uma salada típica do verão) era a estrela da mesa. Em vez dela, a Maroulosalata acompanhava, de forma leve, os pratos mais pesados e à base de azeite dos meses de frio. Eu sempre achei seu sabor único e refrescante e, hoje, compartilho aqui esta receita tradicional com uns toques que eu mesma dei. Bora lá!

*Nível de dificuldade: fácil
*Tempo de preparo: 15 minutos
*Serve, em média: 6 pessoas

Ingredientes:
– 2 pés de alface romana ou alface americana, lavadas
– 1 maço de cebolinha fresca
– 1/2 maço de endro (dill)  (opcional)
– 
1/2 xícara de chá de pinoli
Azeitonas pretas, a gosto
– 
1/2 cebola roxa, picada (opcional)
– 1/2 xícara de chá de azeite de oliva extravirgem
– 4 colheres de sopa de vinagre
– 1 colher de sobremesa de orégano
– Sal e pimenta, a gosto

Modo de preparo:
1.
Primeiro, pique a alface em tiras finas. Coloque-a em uma tigela grande.
2. Adicione a cebolinha fresca, o endro, as azeitonas e a cebola roxa.
3. Aqueça uma frigideira pequena e adicione o pinoli. Misture continuamente até que fiquem torradinhos. Desligue o fogo.
4. Em seguida prepare o molho. Em um recipiente, misture o azeite, o vinagre e o orégano.
5. Despeje o molho na salada, adicione o pinoli torrado, tempere com sal e pimenta a gosto e misture bem. Agora é só servir!

Dica amiga:
Para incrementar a Maroulosalata experimente adicionar queijo parmesão ralado ou ricota desmanchada!

Lemonopita (bolo de limão)

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Aos poucos venho notando que os gregos sabem fazer tortas e bolos muito bem – sejam eles salgados, doces ou até uma mistura de ambos – a criatividade sempre rola solta. Estava pesquisando algumas receitas quando decidi que queria fazer uma Portokalopita, tradicional bolo de laranja que leva uma calda aromática e deliciosa. Mas, percebi que estava sem laranjas em casa. Olhei e olhei e vi que estávamos cheios de limões! E… o que é que fazemos quando a vida nos dá limões? Isso mesmo: Lemonopita!

Na verdade, eu nunca havia feito essa receita na vida. Nem mesmo a minha avó (contei para ela pelo telefone e ela me pediu os ingredientes). Fui pesquisando – coisa que amo fazer – quando encontrei a receita do muso Akis Petretzikis. Sou suspeita para falar, mas adoro todas as coisas que ele faz! Então, resolvi adaptar a receita dele e criar a minha versão da Lemonopita (Λεμονόπιτα – Lemonópita), este bolo de limão super saboroso e cheiroso. Aqui vai a receita:

*Nível de dificuldade: fácil
*Tempo de preparo: 1h30

*Serve, em média: 6 pessoas

Ingredientes:
Para a massa
– 1 xícara de chá de óleo vegetal
– 3/4 de xícara de leite
– 2 ovos grandes
– 1 xícara de chá de farinha de trigo
– 1 xícara de chá de semolina
– 1 xícara de chá de açúcar
– 2 colheres de chá de fermento em pó
– 3 colheres de chá de essência de baunilha
– Raspas de limão, a gosto
– Açúcar de confeiteiro, para decorar
– Manteiga e farinha, para untar

Para a calda
– 2 copos americanos de água
– 1/2 xícara de chá de mel
– 1/2 xícara de chá de açúcar
– 1 rama de canela
– Sumo de dois limões grandes

Modo de preparo:
1. 
Em uma tigela, adicione o óleo, o leite, os ovos, o açúcar e a essência de baunilha. Bata com uma batedeira por aproximadamente 5 minutos até o conteúdo ficar homogêneo.
2. Em seguida adicione a farinha de trigo, a semolina, o fermento em pó e as raspas de limão. Bata novamente durante mais 10 minutos. Preaqueça o forno em temperatura média.
3. Unte uma forma quadrada, retangular ou redonda (sem furo) com manteiga e farinha e despeje a massa.
4. Asse o bolo em forno médio por cerca de 40 minutos ou até que o topo esteja dourado.
5. Enquanto o bolo está no forno, prepare a calda. Em uma panela pequena junte e aqueça a água, o mel, o açúcar, a rama de canela e o sumo dos limões. Espere ferver e desligue o fogão.
6. Assim que retirar o bolo do forno, corte-o em pedaços no tamanho desejado e derrame a calda por cima. É importantíssimo que esse passo seja feito imediatamente, quando o bolo estiver ainda muito quente, para que ele absorva toda a calda.
7. Espere o bolo esfriar, salpique açúcar de confeiteiro e é só servir!

Dica amiga:
Caso preferir, sirva o bolo com sorvete de creme ou de iogurte – para ficar ainda mais grego e refrescante! No cafezinho da tarde também cai muito bem.

Youvarlakia Avgolemono (sopa de almôndegas)

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Aos poucos o friozinho tem tomado conta dos dias e noites de alguns – no caso, aqui em Brasília as noites estão um pouco mais frias – e a vontade de comer pratos quentes vem junto. Lembrei-me de uma das sopas que mais marcaram a minha infância e os anos de Austrália (afinal, lá o inverno é bem mais intenso que o daqui). Minha avó fazia Youvarlakia, meu pai também… e, apesar de não gostar de Avgolemono (que logo mais explicarei), a sopa ser preparada com bolinhas de carne moída em vez do velho combo limão-galinha-arroz-batata – a tal sopa de gente “dodói” – me animava muito.

Youvarlakia Avgolemono (Γιουβαρλάκια Αυγολέμονο – Yuvarlákia Avgôlémono) é uma sopa de simples preparo. De verdade, nem eu imaginei que seria tão fácil! A base dela é o Avgolemono, uma mistura azedinha feita com ovos batidos, sumo de limão e caldo de legumes/carne. Youvarlakia são as almôndegas de carne moída com ervas frescas e uma pequena quantidade de arroz, triguilho ou massa tipo Risoni (Orzo). Já deu para perceber que essa combinação diferente vale a pena, né? Bora aquecer o corpo, bora cozinhar!

*Nível de dificuldade: fácil
*Tempo de preparo: 1 hora

*Serve, em média: 6 pessoas

Ingredientes:
– 800 g de carne moída
– 3 dentes de alho, ralados
– 1 cebola pequena, ralada
– 3 colheres de sopa de azeite de oliva
– 1 xícara de chá de arroz ou massa Risoni
– 3 colheres de sopa de orégano
– 1/2 xícara de chá de salsinha fresca picada + extra para servir
– 1/2 xícara de chá de cebolinha picada
– Noz-moscada ralada, a gosto
– 1 xícara de chá de farinha de trigo
– Sal e pimenta, a gosto
– 8 copos americanos de água

Para o Avgolemono (caldo)
– 2 ovos médios
– Sumo de 1 limão médio
– 2 colheres de chá de amido de milho

Modo de preparo:
1. 
Primeiro, refogue a cebola e o alho com um pouco de azeite, até que fiquem translúcidos. Reserve.
2. Em uma tigela grande, junte a carne moída, o alho, a cebola, o orégano, duas colheres de sopa de azeite (reserve a terceira), o arroz (ou a massa), a salsinha, a cebolinha, a noz-moscada, o sal e a pimenta. Misture e amasse tudo muito bem. Cubra com papel filme e deixe a mistura descansar na geladeira por 15 minutos.
3. Enquanto isso vá preparando o caldo. Leve os oitos copos de água ao fogo com uma colher de sopa de azeite e uma colher de chá de sal.
4. Com os 15 minutos passados, faça as bolinhas de carne, passe-as na farinha de trigo e, quando o caldo pegar fervura, coloque-as dentro da panela com muito cuidado.
5. Cozinhe tudo em fogo médio durante 20 minutos ou até que a carne esteja cozida.
6. Agora, o Avgolemono. Em uma tigela, bata os dois ovos até formar uma leve espuma. Adicione o sumo de limão e as duas colheres de chá de amido de milho.
7. Adicione uma concha de caldo da panela ao Avgolemono, batendo continuamente (pode ser com um garfo). Depois, adicione mais uma concha, misture bem e vá adicionando aos poucos à panela de sopa.
8. Misture a sopa e deixe cozinhar em fogo baixo por mais 5 minutos.
9. Sirva quente com salsinha fresca e pimenta-preta moída!

Dica amiga:
Para uma experiência culinária ainda melhor, sirva esta sopa com pão torrado e o queijo branco de sua preferência (desmanchado). Youvarlakia também é preparada na versão “me saltsa”, ou seja, com um delicado molho de tomate em vez da base de Avgolemono. Fica a dica!

Kolokithokeftedes (bolinhos de abobrinha)

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Aqui estou com mais um nome dificílimo de comida grega gostosa! Não vou negar, toda vez que pronuncio o nome do prato de hoje, só consigo me lembrar dos vários episódios cômicos envolvendo a minha avó. Para quem ainda não sabe, minha avó não é só uma cozinheira de mão cheia e uma papadhiá (esposa do padre), mas também uma mulher incrivelmente engraçada, forte e cheia de personalidade. Acho que dá para perceber meu amor por ela e o tanto que ela me inspira todos os dias em minhas postagens.

Pois bem, quando eu era pequena, por vezes, minha avó não pronunciava Kolokithokeftedes, mas sim, Kolo-keftedes. E por que isso é engraçado, Heleni? Porque *censura* “kolos” é a forma coloquial de “traseiro” ou “bumbum” em grego. Além disso, é possível colocar essa palavrinha na frente de outras para expressar algum xingamento. Cozinhar qualquer prato com kolokythia (abobrinhas) sempre envolvia certa dose de risadas e, bom… abobrinhas.

Agora, papo sério. Kolokithokeftedes (kολοκυθοκεφτέδες – kolokithôkeftédhes) são bolinhos de abobrinha normalmente servidos como meze em restaurantes gregos. São crocantes por fora e cremosos por dentro, além de serem incrivelmente aromáticos por conta de todas as ervas frescas que a receita leva. Eles são fritos, mas assados em forno médio também dão super certo, desde que pincelados com um pouco de azeite. É isso! Bora cozinhar?

*Nível de dificuldade: médio
*Tempo de preparo: 45 minutos

*Serve, em média: 6 pessoas

Ingredientes:
– 3 abobrinhas grandes, raladas
– 4 dentes de alho, ralados
– 1 xícara de chá de farinha de trigo
– 1 e 1/2 xícara de chá de farinha de rosca ou panko
– 2 ovos, levemente batidos
– Queijo parmesão ralado, a gosto (ou o queijo de sua preferência)
– 2 colheres de sopa de orégano
– Salsinha fresca picada, a gosto
– Cebolinha fresca picada, a gosto
– Hortelã fresca picada, a gosto
– Noz-moscada ralada, a gosto
– Sal e pimenta, a gosto
– Óleo vegetal ou azeite de oliva, para fritura rasa

Modo de preparo:
1. 
Para começar, coloque as abobrinhas raladas em uma peneira com uma pitada de sal e deixe-as escorrendo durante pelo menos 30 minutos. A abobrinha solta bastante água, e queremos elas secas o suficiente para esta receita.
2. Em uma tigela, adicione as abobrinhas raladas, o alho, a farinha de trigo, a farinha de rosca (ou panko), os ovos, o queijo, o orégano, a salsinha, a cebolinha e a hortelã. Misture.
3. Tempere com a noz-moscada, o sal e a pimenta. Misture novamente até formar uma massa levemente úmida.
4. Em uma frigideira média, aqueça o óleo ou o azeite. Quando estiver quente, molde os bolinhos utilizando uma colher de sopa molhada, para não grudar.
5. Coloque-os com cuidado na frigideira, e doure cada um dos lados.
6. É importante lembrar que a fritura não é feita por imersão, e sim, de forma rasa.
7. Coloque os bolinhos prontos em um refratário com papel toalha para absorver o óleo (ou azeite). Agora, é só servir!

Dica amiga:
As Kolokithokeftedes servem perfeitamente como aperitivo, mas também podem ser servidas como prato principal, acompanhadas de uma boa salada. Além disso, vale indicar o refrescante Tzatziki como molho de acompanhamento. A combinação abobrinha + iogurte é deliciosa!

Fassolada (sopa de feijão branco)

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Tem um bom tempo que quero fazer e compartilhar a receita de hoje, pelo simples motivo de ser considerada, por muitos, o prato nacional da Grécia. Pois bem, depois de muito pensar sobre como utilizar o pacote de feijão branco que estava na despensa, resolvi que finalmente era hora de dar uma chance à tradicional sopa.

Fassolada (Φασολάδα – Fassôládha) é, simplesmente, uma sopa de feijão branco. É curioso perceber como muitas dietas ao redor do mundo possuem seu próprio prato tradicional envolvendo leguminosas. Existe a feijoada, o cassoulet, a fabada, o ful medames, o chili con carne e o dhal, para dar alguns exemplos. A Fassolada é vegetariana e incorpora alguns dos itens básicos da dieta mediterrânea – as leguminosas, as ervas e o azeite de oliva.

A receita é simples e rápida, perfeita para aqueles dias que não estamos com muita vontade de passar horas na cozinha. Continue lendo e aproveite para fazer em sua casa também!

*Nível de dificuldade: médio
*Tempo de preparo: 50 minutos
*Serve, em média: 6 pessoas

Ingredientes:
– 500 g de feijão de branco cozido
– 1 cebola grande, picada
– 2 cenouras médias, descascadas, cortadas em rodelas
– 1 talo de salsão, picado
– 4 dentes de alho, picados
– 1 lata de tomates pelados ou 3 tomates grandes picados em cubos
– 1/2 xícara de chá de azeite de oliva extravirgem + 2 colheres de sopa + extra para finalizar
– Sal e pimenta, a gosto
– 1 pitada de açúcar
– 1 colher de sopa de orégano
– 2 folhas de louro
– 2 xícaras de chá de água
– Salsinha fresca picada, para servir

Modo de preparo:
1. Em uma panela, aqueça as duas colheres de sopa de azeite e refogue a cebola até que fique translúcida. Adicione o alho e refogue por mais um minuto.
2. Em seguida, adicione a cenoura e o salsão. Refogue-os em fogo baixo por mais ou menos cinco minutos.
3. Acrescente os tomates pelados ou os tomates em cubos e as duas xícaras de água. Misture e deixe pegar fervura (fogo alto).
4. Adicione os feijões, o sal e a pimenta, o açúcar, o orégano, as folhas de louro e o restante do azeite. Misture e deixe cozinhando em fogo baixo por aproximadamente 20 minutos, adicionando um pouco de água para não queimar ou grudar (se necessário).
5. Quando a cenoura estiver macia e o caldo engrossado, desligue o fogo. Retire as folhas de louro.
6. Sirva com o restante do azeite e salpique salsinha fresca.

Dica amiga:
Experimente servir a Fassolada com queijo Minas padrão ralado ou ricota desmanchada. E, claro, um bom pedaço de pão para absorver todo o caldo.

Hummus (pasta de grão-de-bico)

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O post de hoje será bem breve e simples – igual a receita que virá de acompanhamento!

Você já ouviu falar em Hummus? Hummus é uma pastinha típica da culinária árabe feita a partir de dois ingredientes básicos: grão-de-bico e pasta de gergelim (mais conhecida como Tahine). O meu primeiro contato com Hummus foi na Austrália, quando meu pai costumava voltar do mercado de produtos orgânicos com potinhos dessa deliciosa pastinha. Era a minha favorita e acabou ficando para sempre em minha memória. Hoje, compartilho com vocês a receita que costumo fazer e que venho aperfeiçoando. Afinal, como não amar grão-de-bico?

*Nível de dificuldade: fácil
*Tempo de preparo: 20 minutos

* Serve, em média: 6 pessoas

Ingredientes:
– 250 g de grão-de-bico cozido (reservar água do cozimento)
– 2 dentes de alho, ralados
– 2 colheres de chá de Tahine (pasta de gergelim)
–  1/2 xícara de chá de azeite de olive extravirgem
– Sal e pimenta, a gosto
– 1/2 colher de chá de cominho em pó
– Sumo de  1/2 limão
– 1 xícara de chá da água do cozimento do grão-de-bico
– Páprica e folhas de hortelã ou salsinha fresca picada, para servir
– Azeite de oliva a gosto, para servir

Modo de preparo:
1. 
Em um processador ou liquidificador, adicione o grão-de-bico cozido, os dentes de alho, o Tahine, o azeite de oliva, o sumo de limão, o cominho, a água do cozimento do grão-de-bico e o sal e a pimenta.
2. Bata tudo por cerca de 2 minutos ou até que a pasta fique homogênea.
3. Se a pasta estiver muito grossa e difícil para bater, adicione um pouco mais de azeite.
4. Sirva com páprica, azeite e folhas de hortelã ou salsinha fresca.

Dica amiga:
Sirva o Hummus com pão sírio, pão pita ou o pão de sua preferência. Você pode, também, servir uma seleção de pastinhas como entrada, com Hummus, Tzatziki e Melitzanosalata (em breve aqui no blog).